Marcio Braga Palestrante

COMPORTAMENTO SEGURO

MÁRCIO BRAGA

Palestrante

“

Perdeu a visão num acidente de trabalho. É fácil viver sem visão, sem mãos ou sem pernas?

Márcio Braga tinha uma visão normal, mas num certo dia houve um acidente de trabalho. Por não adotar um comportamento seguro e não analisar os riscos na função que exercia em seu local de trabalho perdeu a visão e tornou-se cego.

Liderava uma equipe de 12 pessoas e ao contratar um auxiliar sem experiência pagou um alto preço. A pressão por resultados, o estresse elevado, fluxo de clientes alto, a desatenção e a pressa foram ingredientes perfeitos para um acidente de trabalho. Ouça a história, veja e sinta como tudo aconteceu.

No dia 12.01.2007 às 19:50, Márcio Braga estava finalizando a preparação de uma massa de lasanha no cilindro industrial. Colocava a massa no cilindro e a esticava na bancada de inox. Aproximou-se do cilindro para fazer a última preparação e de repente ouviu uma explosão. Ao olhar na direção do barulho recebeu uma rajada de óleo quente sobre seu rosto, que caiu exatamente sobre seus olhos.

Ele não enxergou mais nada, sentiu uma dor extremamente profunda, entrou em desespero, perdeu a respiração, foram muitos gritos e foi encaminhado ao hospital para ser socorrido. Mas, pagou um alto preço por não analisar os riscos existentes, não adotar comportamento seguro na cozinha em que liderava, não oferecer treinamento adequado e agir com segurança. Ele perdeu a visão direita e esquerda, tornando-se cego da noite para o dia.

Mas, o que foi que aconteceu naquele dia? Como o acidente ocorreu?

Lembra-se que Márcio estava utilizando o cilindro para alisar a massa de lasanha? A cozinha da cantina era pequena e ao lado do cilindro ficava uma panela, um tacho de uso exclusivo para fritar as batatas, prato muito pedido pelos clientes. As batatas sempre estavam congeladas e elas eram colocadas nesse tacho quando o óleo estava numa temperatura adequada. Porém, fazia dois meses que Márcio Braga havia contratado um novo funcionário freelance para trabalhar na alta temporada do turismo, na cidade praiana de Santos. Porém, esse funcionário não recebeu treinamento adequado, não tinha experiência e deixou o óleo quente esquentar demais. Foi nesse momento que ele despejou a batata congelada para ser frita e ocorreu a explosão do líquido quente, em direção de Márcio.

Momentos de estresse, falta de treinamento, não utilização de EPIs adequados, a disposição dos utensílios e a falta de análise de riscos das atividades perigosas na cozinha da cantina provocou um grave acidente, com esse jovem cheio de sonhos e recém casado.

A escuridão o afastou de suas duas paixões: cozinhar e jogar futebol. Foi demais para ele suportar. Tentou suicídio várias vezes, entrou em conflito com seus pais, irmãos e esposa. Mais difícil foi suportar a dor existencial, emocional e psicológica. Ele estava destruído por dentro e por fora.

Márcio mostra que perder a visão, as mãos ou as pernas é algo extremamente difícil na vida de uma pessoa. E traz a seguinte reflexão: Será que estamos preparados para algo inesperado?

Em sua palestra fala sobre a importância do comportamento seguro, da percepção do risco, do uso de EPIs, da importância do treinamento e definição de regras, do bloqueio de máquinas e o preço do acidente para o colaborador e para a família.

Como já tinha um histórico de atleta desde os 6 anos de idade, perseverou e encontrou no arremesso de disco uma forma de continuar a superar mais esse desafio. É o 2º. Atleta na colocação brasileira nessa modalidade e o 4º. na colocação mundial.

Leva uma vida independente e está se preparando para se casar com Eliane Ferreira, psicóloga clínica, psicanalista, especialista em comunicação acessível para pessoas surdas e inclusão social. Márcio está em boas mãos. Eliane tem um coração de ouro e conhece muito bem o mundo da deficiência por atuar com surdos.